sábado, 25 de dezembro de 2010

Predador? ou Presa?

As mulheres… não quem consiga viver com elas nem sem elas…
Pessoalmente já tentei viver com elas e não deu muito bom resultado.

Dou por mim a pensar porque raio, serei obrigado a aturar as mulheres. É que sinceramente já não tenho a mínima vontade… nem de conhecer novos espécimes… nem de aprofundar o conhecimento com os espécimes representativos daquela subespécie do homo sapiens.
A minha pertinência aqui é verdadeiramente simples!? Acham que algum caçador iria à caça se não tivesse a certeza absoluta que é ele o caçador?
É fodido sair para caçar e não saber qual o meu lugar na grande cadeia alimentar! Todos concordamos que deveria ser chato para o leão ser comido por uma gazela.
Como ficaria depois o ego do leão juntos dos seus comparsas!?
Com as mulheres, o problema é relativamente o mesmo… como são um animal bastante esquivo, e de uma ambiguidade lendária. Dizem não quando na verdade querem dizer sim, e dizem sim quando na verdade o que querem dizer é: “só se for já”.
É por isso para mim, impossível ter qualquer tipo de amizade com indivíduos do sexo feminino… primeiro porque existe claramente falta de afinidade e assuntos de conversa… futebol? Gajas? Cerveja? Naaaaahhh.
O diálogo com os homens é tão mais simples do que com as mulheres…
Com os homens não temos que fingir, nem omitir absolutamente nada.
Com os homens é possível ser-mos nós mesmos… apanhar uma grande bebedeira que eles não vão pensar mal de ti, antes pelo contrario… iram invejar a tua capacidade de ingerir álcool… consegue-se ainda insultar o árbitro sem ofender susceptibilidades.
É talvez por tudo isto que não tenho quase nenhum amigo homem…
E é também por isto que não tenho nenhuma amiga mulher.
E a verdade é simples… detesto homens porque são demasiado despromovidos de valores, pautam-se pela superficialidade em tudo que fazem.
Já as mulheres, pelo contrário, são apenas uma questão de género… torna-se difícil fazer amizade, entre o predador e presa… notem que não faço qualquer especificação sobre o papel desempenhado por cada um na cadeia alimentar, dado o seu elevado factor de ambiguidade. Não é por nada mas isso chateia-me.


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ensaio sobre a velhice….


Estou nos 30… e chega a velha questão, da juventude passada, dos erros cometidos… da sapiência aprendida… e o velho dilema existencial… se voltaríamos a fazer tudinho igual se tivéssemos oportunidade? A maioria responderia que sim - voltaria na generalidade a fazer tudo de novo… mas eu não, eu faria tudinho diferente só pelo gozo de ver no que iria dar, mas também pelo gozo de poder trocar as voltas ao destino, e ver se o cabra da peste arranjaria modo de rescrever direito por linhas tortas!
Perante a impossibilidade, tenho que me amanhar com o que tenho, que neste caso até são 30. È inegável, sinto-me como a puta da musica do Rui Veloso e “parece que o mundo inteiro se uniu pra me tramar.”E se querem saber, estou bem fodido com isso e com a merda da musica que há uns dias para cá me anda continuamente crucificar… desperto com ela nos ouvidos pela manha e não abala o dia inteirinho! Basicamente os 30 são como o queimar dos últimos cartuchos de uma juventude outrora chamada de rasca, mas que agora é só do desenrasca. Como se não bastasse a “traição” socrática do aumento dos impostos e da puta da crise que já dura desde que me lembro…Já não bastava ter que enfrentar a crise, ainda tenho que o fazer com a velhice dos 30 à porta !!! Ter 30 no imediato só significa uma coisa: que já não tenho 29… nem 28… nem ainda 25… pode parecer uma dedução fácil, mas a maioria só consegue chegar a tal conclusão indirectamente… ou seja, só se apercebem com a chegada dos cabelos brancos, da barriguinha, das gajas começarem a olhar para os sobrinhos e putos que no nosso tempo andavam de vela acesa no nariz, mascando chicletes gorila, e felizes da vida por dar uns tralhos de bicicleta.
Sinto-me como o último dos Moicanos… Dos meus amigos de infância? Não sei de nenhum deles… Se calhar alguns já bateram as botas e esqueceram-se me mandar convite! Outros entretanto já casaram e tiveram filhos (o que não sei se não será ainda pior). E os que não casaram ou para lá marcham, ou é como se estivessem…. (puta que os pariu)
Daqui facilmente se conclui que os amigos são como as putas… aparecem e desaparecem mais facilmente que as antigas notas de 20 escudos… (assunto a dissertar brevemente).
Neste momento o meu gang resume-se a cinco (eu, eu, eu, eu, e ainda eu), sem contar com o Giovanni, amigo de longa data, mas que nos últimos tempos estorva mais do que o carvalho.
Estou frustrado… e sinto-me frustrado o que talvez queira dizer que estou mesmo frustrado, e talvez sirva de desculpa para a badalhoca linguagem que estou a utilizar a umas linhas ao para cá, mas tal facto deve-se simplesmente não à frustração em si, mas ao facto de assim ficar esteticamente mais apelativo e convincente… (a quem estou eu a tentar enganar... apetece-me escrever palavrões e pronto)
Veja o leitor que o meu escárnio é ainda maior quando há alguns cabrões, para quem a idade parece não pesar… continuam a fazer de conta que não tem 30 anos… noitadas… gajas… tabaco… álcool… gajas… 
Por isso foda-se os 30 anos e mais quem os tem…e para quem não os tem ainda, que se reveja nestes humildes versos prosados e comece a contar os dias… porque ou muito me engano ou os 40 vão chegar bem mais depressa que os 30. Aí então é melhor pensar num PPR e num bom lar de idosos de preferência sem gajas que é para não atrapalhar ainda mais.

Apenas porque gosto...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

wearing the inside out.

Um verdadeiro achado… mais uma fantástica musica Retirada do Fantástico álbum The Division Bell, acompanhada pelas não menos fantásticas telas de Salvador Dali.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Paradigma do amor...


É incompreensível a existência do amor?
 Para quê depositar as nossas expectativas em alguém que não nós próprios, muito menos fazer depender a nossa suposta felicidade na dependência directa de alguém…
Sejamos realistas, podemos pesquisar ou interrogarmo-nos o quanto quisermos, a quem pretendermos durante o tempo que desejarmos, mas nunca alguém em boa verdade irá dar-nos uma resposta concreta e concisa e cientifica para a singularidade do amor.
 O facto é tão verdadeiro, que o paradigma do amor ainda não foi devidamente dissecado e explicado pelos dogmas da ciência moderna. No máximo que a moderna ciência alcançou a respeito do amor foi relaciona-lo com processos bioquímicos existentes no cérebro humano… mas nunca no concreto… e porquê? Porque nem mesmo a existência incontestável do fenómeno do amor, foi alguma vez comprovada… por esse facto sou obrigado afirmar que é o amor é uma fábula… não para criancinhas como o pai natal ou a fadinha dos dentes… mas para adultos que após findarem a sua fase da puberdade necessitam de algo com se entreterem. Isto está de tal maneira bem feito que se assim não fosse, imaginem a nossa vida enquanto indivíduos em particular e sociedade em geral… e imaginem também no quanto poderíamos alcançar e conquistar com o tempo desperdiçado à procura do Amor (em alguns casos) ou um novo amor (noutros casos). Confesso que também não sei a resposta, mas de certeza que já teríamos avançado para a conquista do universo ao nível da odisseia Star Trek.
Será que não passamos toda a história da humanidade a confundir amor com desejo???
Não será o paradigma do amor apenas isso… desejo...? E nada mais…
Em todas as relações… após conquistado o desejo inicial, instala-se o vicio… a rotina a monotonia… todas as virtudes da pessoa anteriormente amada rapidamente se transformaram em defeitos… passamos a olhar para a fruta do vizinho (muitas das vezes bem pior que a nossa), e considera-la bem mais apetecível…
O que me leva mais uma vez a concluir, que o amor não passa de desejo um irracional, e quando concretizado… passamos a racionaliza-lo de uma outra forma… mais cerebral e menos sexual.
Mas então o que leva a que muitos casais fiquem uma eternidade juntos? Mais uma vez confesso que não sei, até pode ser que esteja errado, mas penso que seja o carinho… amizade, muitas vezes os filhos, e os compromissos efectuados perante a sociedade, simbolizados no altar perante as famílias e amigos… que muitas das vezes tem complexos de inferioridade em assumir que o seu casamento/relacionamento vai pelas horas da amargura. Ou ainda talvez seja pelo facto de no mais ínfimo subconsciente irracional de cada um de nós sabermos lá no fundinho dos fundilhos que não adianta arranjar um novo par… que vai acabar direitinho como o anterior… na monotonia e no vicio… por isso mais vale ficar com a mãe/pai dos nossos filhos que ir ajudar a criar os filhos dos outros… quando sabemos que no final resultado será de certeza igual ao primeiro, pode-se dar as voltas que se queira dar, no fim a natureza pensou em tudo… ou quase tudo, e nós em nada ou quase nada…

domingo, 11 de abril de 2010

On The Turning Away

Oiço sozinho na solidão escura, à sombra da lua os velhos floyd como se não houvesse amanha. Há noites assim em que nada mais apetece fazer que ficar no nosso canto apreciando uma boa musica e um belíssimo Jack Daniel´s e relembrando e revivendo… com uma pequena lágrima na face… longe dos amigos, da cidade e do quotidiano diário da vida e como sabe bem viver assim a vida, feita de suaves momentos a que apenas nós damos o devido valor. Para mim é destes singelos momentos que me trazem imenso prazer, dos quais é feita a vida.
De facto há noites que transbordam melancolia por todos os poros, às quais se deve reservar um pouco de espaço para recordar um pouquinho daquilo que somos e fomos. Esta musica dos Floyd é de facto especial, se há erros que cometi e que me arrependo profundamente e que jamais poderei corrigir, um deles é o de nunca ter assistido a um concerto dos Floyd ao vivo.
A felicidade pode estar por vezes tão perto, e nas coisas mais singelas, basta para isso fazer aquilo que realmente se gosta.
Quem me ensinou amar Floyd, infelizmente já não se encontra mais entre nós neste mundo, mas espero sinceramente que onde quer que esteja ainda os consiga apreciar tanto quanto eu...


P:S Como adoro realizar pequenos retiros espirituais.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

No mais alto dos céus...

Invariavelmente a melhor forma de sabermos que nos sentimos velhos, é quando invariavelmente começamos a sentir nostalgia do passado em vez de perspectivarmos o futuro. Neste sentido julgo que estou a ficar precocemente velho, porém as recordações de um homem são como uma montanha russa, ontem nada significavam… hoje quase que parece que foram tudo na vida de quanto um homem tem de mais importante.
Os homens vão e vem, assim como as recordações… os desejos… as histórias… e até mesmos as paixões.
 Mas as montanhas são eternas, magistrais e imponentes… são como uma linda mulher à espera se ser conquistada… mas não por um qualquer! Somente pelos bravos de espírito, dispostos a tudo para estar no mais alto do mundo, em comunhão com os deuses do Olimpo, e tocar os céus com as palmas das mãos nuas… está somente ao alcance dos destemidos, e ao mesmo tempo pobres de espírito, que arriscam a mísera da vida, não por um punhado de dólares, mas por um desejo… e uma glória vã.
E o que não é o desejo, se não mais que a força mais poderosa à face da terra… atrevo-me a dizer:
 Deus quer, o homem deseja, e a obra nasce.
Para conquistar uma bela mulher, não basta desejar, é também necessário, muita arte e muito engenho… e claro, no fim possuir algo mais que a generalidade. Ao invés…as montanhas… com as montanhas verdadeiramente imponentes, mais que o desejo, impera a tenacidade e o orgulho que nos impele sempre no sentido ascendente, mesmo quando todos os nossos sentidos primários insistem em voltar para traz… para o relativo consolo e aconchego do acampamento, e a fuga ao gelo dilacerante em todas as extremidades do corpo.
Mesmo quando o corpo implora por descanso, quando sentimos que já demos tudo à montanha, mesmo quando imploramos por algo relativamente quente… nem que seja apenas por uns míseros segundos… mesmo quando as pernas já não parecem acompanhar a alma… mas a alma, o desejo… não cedem. A alma caminha sozinha, comanda o corpo e o destino, através das enfermidades, e das chagas abertas no corpo.
Lá em cima no altos dos Himalaias, mesmo nas noites geladas, as estrelas brilham com mais intensidade… mesmo quando nos arrependemos de alguma vez ter sequer imaginando pôr os pés naquele inóspito local, sabemos no mais ínfimo da nossa alma, que é ali que desejamos estar, junto aos deuses… não naquele momento… mas quem sabe para sempre dentro de nós. Podemos voltar ainda que intacto no exterior, mas vazio no interior… a montanha não dá nada de barato, é uma troca justa… por toda a sua beleza, e por todas as recordações, por todas as amizades, lá deixamos ficar um pouquinho do nosso coração.

Ali no mais alto dos céus,
Fui o mais livre dos homens…
E o mais intrépido dos réus
Na montanha… onde caminham os deuses…
E as estrelas brilham com mais intensidade,
Deixei parte do meu coração
Mas trouxe comigo a eterna saudade

terça-feira, 23 de março de 2010

Garbage - Milk

Não sei explicar… Adoro os Garbage desde sempre e de tempos a tempos não consigo resistir ouvir uma música que me diz imenso…

quarta-feira, 17 de março de 2010

Contraluz.

António Feio, um actor que muito prezo, enaltecendo um filme que promete… e que pelo que vi nesta mesma “trailer”, a mim dir-me-á imenso.

terça-feira, 16 de março de 2010

Solidão...

Sei que o mundo não é triste,
Triste sim, é viver de uma ilusão,
Semear ventos e tempestades
Colher somente a solidão.

Talvez o mundo não seja triste,
Nem tenha a força de um olhar.
Talvez seja o extinguir de uma chama
Que nem chegou a deflagrar.
Talvez a solidão seja linda,
Uma boa forma de descobrir
A beleza de um cravo que murchou,
E que jamais tornará abrir.

Talvez a solidão seja para o poeta,
A mãe de todas as causas do abismo,
Caminhar para os braços da solidão.
Escapar ao desassossego do destino…
Talvez seja a sua última meta.

 Rui Freitas, Julho de 1998


sexta-feira, 12 de março de 2010

Um dia...


Voltando às minhas duas últimas portagens, nas quais, uma reclamavam os valores da amizade e a outra falava de uma suposta “ordinary life, musica dos Liquido”. Recordei-me de um dos meus grandes amigos e irmão espiritual… como é óbvio ele sabe muito bem de quem estou a falar, embora também estou ciente que nunca irá ler estas humildes palavras, pois não faz o seu estilo, e passo a citar “perder tempo útil de vida com essa coisa supérflua que é a internet”, mas lá tem as suas razões que nunca questionei… nem ponho em causa!
Como grande e velho amigo de estrada e dos caminhos sinuosos da juventude… não da vida, porque feliz ou infelizmente, perdem-se e ganham-se amigos ao longo da vida, mas nunca deixamos de nos recordar deles como felizmente acontece comigo… e espero que com eles também.
Recordo-me muito bem das conversas e discussões filosofais e acaloradas de café pelas noites dentro, bem regadas, abundantemente pela apreciada Tuburg (que saudades que tenho delas) sobre o sentido da vida… e se nunca estivemos de acordo (eu e esse amigo em questão), numa coisa concordávamos… nenhum de nós queria viver uma vida formatada pelos valores ditos comuns, que a sociedade teimava em nos querer impor, ou seja viver uma “ordinary life”.
Não conhecíamos muito bem o que queríamos da vida na nossa errante juventude, nem muito bem sequer onde procurar… contudo estávamos absolutamente certos do que não queríamos, e não queríamos forçosamente uma “vida ordinária” traduzindo à letra.
Se ontem palmilhamos os caminhos da juventude, cruzávamos fronteiras apenas pelo prazer de tomar um café, ouvindo os velhos Floyd como música de fundo, indo até onde a vontade nos levasse… “esquecendo-nos” no processo de avisar a família. Até mesmo, roubando miúdas um do outro… apenas porque nada mais havia para fazer de interessante! Hoje a vida fez com que tomássemos diferentes rumos… já não conversamos sobre o sentido da vida, nem sobre rumos a tomar… nem onde fomos, ou onde iremos a seguir, já nem sequer ouvimos as mesmas músicas, ou os mesmos livros (nem perdes tempo a ler as experiencias dos outros, preferes seres tu a vive-las). É um ponto de vista!
A vida ordinária tomou conta de nós… humildes almas não soubemos resistir-lhe com a devida tenacidade que havíamos prometido dar-lhe. Fomo-nos abaixo sem dar luta! Mas ambos sabíamos que iria ser assim, apenas nunca o quisemos admitir.
Seguimos cada um o seu rumo, faz sentido! A idade começa a pesar e está na altura de tomar as rédeas das responsabilidades de que outrora fugimos e abominamos. A lógica do tempo e da biologia não se coaduna com a irresponsabilidade da juventude, e o tempo… a vida encarregam-se de domar os espíritos mais selvagens como os nossos… para bem ou para mal da humanidade, é um passo que todos mais tarde ou mais cedo temos de dar em frente… para o fundo do precipício, ainda que isso possa significar o fim de quem parte ou de quem fica, depende do ponto de vista.
Onde quero chegar, é simples… já não estamos na mesma equipa, um de nós saltou em direcção ao infinito… abraçou o destino que nunca procurou… mas no fundo, apenas seu!
Sei no fundo, assim como tu, que os nossos filhos jamais serão amigos, bem como as nossas esposas… se um dia as tivermos! Nunca iremos festejar aniversários juntos, com as famílias, nem iremos envelhecer perto do jardim um do outro como os nossos pais… nem jogar uma partida de bisca lambida nos bancos de jardim, nas tardes perdidas de verão, sem nada para fazer, ouvindo o cantar dos pássaros refastelando-se ao fundo da rua nas arvores fruta do S. Alfredo, amadurecidas pelo sol dourado de Julho, olhando os netos a crescer e jogar à bola, e ai talvez recuar no tempo para os gloriosos anos 90 e para a juventude à muito ida, mas não vã a glória. Não mais iremos juntos beber, aos tempos que já lá vão, fazendo assim que o passar do tempo não se transformasse numa tortura mental e numa lenta caminhada para morte anunciada.
Perdi amigos e outros ganhei… mas tenho pena dos que para traz ficaram na inconsequência de um destino que ninguém sabe ser certo ou errado, mas lá que deixa saudades, deixa… nem esqueço do muito que aprendi, e do muito que errei também.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Liquido, ordinary life...

Os extintos Liquido, numa fantástica musica e um dos melhores vidioclipes de sempre... na minha modesta opinião!

terça-feira, 9 de março de 2010

Meu Velho Amigo.










É a um amigo muito especial que hoje presto a minha gratidão, pois não há maior valor na vida que o valor da amizade, assim como não há maior ingratidão que esquecer os amigos. Eles fazem e fizeram de nós aquilo que hoje somos, com eles enfrentamos a puberdade, as lágrimas do primeiro amor não correspondido… a família não se escolhe…ao invés dos amigos, daí a importância deles.
É curioso como a juventude se dissipa do nosso corpo, sem sequer darmos conta disso! Ela vai-se e ficamos apenas com a saudade… com a nostalgia. Sinto saudade das noites quentes de verão, às quais não dei a devida importância. Tenho pena dos amigos que deixei e nunca mais vi. Tenho saudades de partir em busca de um destino, à conta disso, percorri sozinho os caminhos loucos da juventude errante. Parti sem nunca conhecer o destino, e por vezes cheguei sem saber sequer que tinha atracado… foi assim que perdi a minha juventude. Não a perdi num banco de traz de um carro como muitos, nem dentro de quatro paredes nuas de uma escola, como a maioria, olhando para um quadro preto carregado de surdos hieróglifos de giz brancos, cujo significado nem procurei entender. Caminhei no fio do destino, estive no nariz do mundo e toquei no céu… contemplei o pôr-do-sol abrasador sobre as pirâmides do Egipto, se a juventude de outrora se foi, as recordações dela em mim permanecem.
 Ao contrário de outros que não têm a devida noção de onde nem quando perderam a maior das virtudes. Eu… perdi a minha, numa noite bela e fria de Outono, carregada de luar, parecia que a lua se iria precipitar sobre a terra, tamanha era a sua intensidade e beleza.
Nada mais havia para fazer numa noite fria de luar, nada mais que apenas pescar… com o nosso mais velho dos amigos… o nosso velho e amigo das horas vagas, o nosso velho cão! Sem nunca negar ou medir esforços para me acompanhar, apesar de a sua idade não aconselhar a grandes e desmedidas aventura. Foi nesse dia que percebi que idade não pesa em espírito jovem, e que a vontade é a maior das armas de um corpo fraco. Fosse qual fosse o destino gritava sempre presente, por maior que fosse a desmedida ambição do seu amigo mais novo… lá estava de bom grado (quase com um sorriso nos lábios) quando todos os outros declinavam amavelmente o convite.
Claro que nem eu nem ele alguma vez tínhamos pescado na vida, mas não iria ser isso que nos iria impedir de ir pescar naquela noite linda de Outono… de um ramo seco de giesteira, fizemos a cana… de um velho fio norte, a seda… de um clipe, o anzol… À falta de jeito e conhecimento levamos o entusiasmo… juntos leva-mos aquilo que ninguém nos pode tirar… amizade. Para mim foste mais do que amigo… contemplamos juntos o brilho intenso da lua, no silêncio da noite fria, partilhamos o mesmo velho cobertor. E no fim partilhamos a vida.
Quando nada pescamos, tudo deixamos tudo para traz, as tristezas, a cana improvisada, e os ossos gelados… excepto as recordações, essas vieram connosco para mais tarde recordar… em dias como o de hoje, dias de nostalgia… dias em que me recordo de ti e da minha juventude… que nesse dia a perdi… porque tu pereceste perante a maior das inevitabilidades da vida... bateste-te por ela tenazmente como alguém na flor da idade que se recusava a morrer. Nesse dia perdi a minha juventude, mas trouxe uma lição de vida, carreguei o teu exemplo, e fiz dele minha bandeira. Certo que já não mais te teria para me acompanhar para onde ninguém ousava ir, já não mais te teria para juntos admirarmos a beleza da lua sem ousar toca-la… já não te teria no escuro do quarto para juntos chorarmos o amor não correspondido. Mas terei para sempre o exemplo que idade não pesa em espírito jovem, e que a morte chega sempre em horas inoportunas, partiste na tua hora, cedo de mais para mim… talvez não para ti. Entreguei o teu corpo a terra fria, como um dia entregarão o meu… mas por agora moras num lugar bem especial! 
No meu coração.  

segunda-feira, 8 de março de 2010

Acordo! Onde estou? E mais importante ainda, onde estas tu???



Preso em mais um pardieiro qualquer de uma qualquer periferia surrenta, penso onde estou, imagino uma outra cidade, um outro País, uma outra vida… contigo! Tomara ter raiva suficiente em mim para correr daquela imundice para fora, sem mais parar até que os pulmões me doam e mesmo assim não paro… nem mesmo quando os meus pés começarem a ceder ensanguentados, e os meus ossos ficarem desnudados pela carne… nem mesmo quando os meus pulmões definharem, mais cheios de sangue quente que de oxigénio… Juro que não paro mesmo! Irei correr continuamente para além da dor, para além do Bojador, fugirei para longe de mim… para longe de ti. Não importa para onde, nada mais tenho porque ficar, como também nada tenho porque partir, é contudo bem mais fácil a fuga que persistir num lugar miserável, povoado de recordações ainda mais miseráveis.
Infelizmente sou fraco de espírito, não corro… fico na cidade, mesmo não sabendo bem onde estou! Fico nas vielas sujas! Nas vielas tuas! Fico no T2 encostado aos teus ombros, fico por ti, não por mim! Fico por uma recordação tua… cada vez menos nítidas… felizmente ou infelizmente não sei! Pensei que seria bem mais fácil, apagar o teu rosto das minhas lembranças... como pensei que irias com elas! Mas talvez não! Fazes-me falta como faz falta a noite ao dia. Não consigo viver com as tuas recordações presas em mim… todavia à medida que o teu rosto desaparece da minha memória quando estou desperto, começas aparecer nos meus sonhos, com mais nitidez e clareza que a que tiveste enquanto moravas incessantemente na minha mente. 

sábado, 6 de março de 2010

Bateu à minha porta...

O Amor...
"Bateu à minha porta
Vacilei... não quis abrir,
Pensei que fosse a saudade
Que me vive a perseguir,
Voltou...
Bateu de novamente...
Com mais força...
Mas depois não insistiu,
Desceu as escadas
E para sempre partiu
Deixando na porta
As palavras fatais...
Eu sou o amor
E não volto nunca mais."

sexta-feira, 5 de março de 2010

Para ti Inês…

Uma musica que certamente jamais esquecerás...

Pray

Para aqueles que caminham nas mãos incertas do destino… para que possam encontrar o seu caminho…como eu outrora me encontrei...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Para onde? Na bússola do destino…


E então, porque não? A eterna pergunta dos viajantes erráticos…
No entanto a mesma pergunta facilmente se transforma numa afirmação, e o desejo de chegada facilmente se confunde com o desejo de partida! Se apenas desejássemos partir, independentemente do destino? Independentemente da magia inerente a viagem em si, como saberíamos se chegamos ao destino se nada demandamos? Não seria assim a nossa viagem uma forma errática de um destino incerto?
É por isso que a sabedoria não se adquire facilmente… embora na incessante busca pelos nossos objectivos quer eles sejam materiais ou transcendentais, consinto que no processo possamos encontrar algo que não o procurássemos primeiramente, mas importante o suficiente para nos fazer alterar o rumo previamente traçado na nossa bússola do destino. No entanto para que isso possa suceder é necessário saber previamente o que buscava-mos primordialmente, ou correríamos o risco de lhe passar ao lado sem que disso déssemos conta.
Um rumo traçado sem destino levo-nos invariavelmente ao trilho da errância… isto sei-o, da pior maneira possível – da experiencia! É fácil para o caminhante partir em busca de nada, apenas porque já nada o prende ao lugar que ele anteriormente chamava de casa - pode ser um sentimento libertador, ter apenas as estrelas como tecto nas noites quentes e ternurentas de verão. O caminhante pode por breves momentos sentir-se dono de toda a liberdade do mundo… pode até considerar-se dono das estrelas, mas no seu mais intimo ser, ele sabe que em breve as noites frias e gélidas de inverno farão da sua liberdade agonia… do céu estrelado de verão, o fruto de todas as tormentas.
Como em todas as viagens, e demandas do homem, nem o santo graal, nem o eldorado, se assemelham a louca viagem em busca do tesouro perdido do amor.
A inquirição do amor, por parte da humanidade, é longa… mas como alguém disse (sabiamente), “a verdade é que ninguém narrou que o encontrou”, ou se o encontrou escondeu-o muitíssimo bem com medo que lho roubassem… eu próprio teria feito o mesmo!
Ao invés do santo graal e do eldorado, o amor não habita nem jaz em lado algum, nem brota de um fonte magica… como todas as coisas metafísicas podemos encontra-lo em qualquer lado, ou igualmente em lado algum… como ainda pior podemos encontra-lo e ele simplesmente não querer ser descoberto…
O amor por depender de terceiros caminha na obscuridade da incerteza, e mesmo que o encontremos ele é susceptível de ser roubado por uma outra pessoa, na mesma demanda que nós próprios anteriormente. O amor é uma procura incessante e continua de algo que não sabemos muito bem onde ele se encontra… como que se encontra… e mesmo que o encontremos, poderemos nunca o saber que estivemos perante o mesmo, até verdadeiramente o perdermos.
É por tudo isto, que eu (embora citando o Miguel) tenho dito que o amor é fodido.

terça-feira, 2 de março de 2010

Dilema existencial…


Após a minha última postagem, surgiu um comentário muito pertinente, que desenterrou em mim uma intrínseca busca a uma resposta, que tem sido uma espécie de dilema existencial.
Este meu particular dilema (mas não o único) surge como em todas as vezes, sob a forma de pergunta… cuja resposta não é facilmente respondida, porque se o fosse, não seria um dilema...
Feita a introdução, passo a temática em questão…
Não será a eterna busca da alma humana pelo eldorado do amor, uma viagem utópica?
Não será necessária por vezes uma abordagem ao tema mais racional e menos sentimental?
Não querendo eu enveredar pelo método científico! Nem pedir que o façam, porque julgo não ser a metodologia mais adequada a questão. É preciso dize-lo abertamente que nem sempre podemos diligenciar na ciência e na racionalidade as resposta para todo o nosso e mais intimo quotidiano, pois muitas das respostas, são-no na verdade respostas individuais, susceptíveis de serem respondidas por quem de direito de uma forma intrinsecamente espiritual/racional.
Bem sei que para dilemas existenciais e morais nunca existe apenas uma resposta, nem muito menos, respostas certas ou erradas…
É por isso uma resposta puramente pessoal, no qual a resposta final terá de ser dada ao longo vida, com naturais avanços e recuos… Até muitas das vezes com mudança de opinião da nossa parte, face ao paradigma em questão, e decorre em grande medida da nossa sorte/azar face ao amor, seja ele fodido ou não.
Não quero esperar para o fim da vida para saber a resposta ao meu problema, pois julgo que aí de nada me irá adiantar. Também não quero a resposta, pelas experiencias e vivencias de outros… Dado o carácter pessoal da questão… Quero a resposta, respondida por mim e para mim… Mas quero-a para ontem o que de fácil nada tem.
Quero a resposta! Mas não sei como obtê-la!? Julgo que terei mesmo que esperar pela velhice para responder às minhas diligências espirituais, para quando for um ancião na minha “tribo”… Talvez quando a razão falar mais alto em mim que a paixão… ai talvez saiba responder a alguns dos meus dilemas, mas até lá… não esperem por mim, vão andando que eu vou lá ter! Só não sei é se lá nos encontraremos…

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Como é fodido, foder o amor.




Dei por mim nos últimos dias a reler um velho livro de Miguel Esteves Cardoso (que me guiou a imensas recordações, nem sempre boas… mas recordações) nas mãos de alguém a quem o havia aconselhado - uma vez que ler um livro é sempre uma experiencia pessoal e intransmissível, podendo-se gostar ou não da obra em questão, conforme os gostos de cada um.
Miguel narra o amor… e para mim o amor é um sentimento ambíguo, sempre o há-de ser!
Numa coisa o Miguel tem razão o amor é fodido… o problema é que por vezes somos nós quem fodemos o amor… e como é fodido, foder o amor. Mas ainda é pior quando é o nosso amor, a foder o amor…
Refere o Miguel, “um amor que não está parcialmente fodido, não é amor”. Claro que não concordo nem um bocadinho com a afirmação, mas vejo nitidamente a excelência da mesma, mas também a maldade nela implícita.
E se todos nós nascemos com vontade de amar e ser amados, a forma de o conseguir e se de facto o conseguimos é outra questão, muitas vezes incerta e problemática.
Se o verdadeiro amor é altruísta, então porquê que queremos o amor todo para nós? Será que para amar é realmente preciso duas pessoas, ou só apenas uma basta? Para mim a questão central… reside no facto de sabermos até que ponto o amor é egoísta! Pois se amassemos verdadeiramente, ficaríamos contentes que a pessoa que amamos encontre também ela o amor, ainda que com outra pessoa que não nós…
Claro que a afirmação é ela própria uma falácia, e apenas a referi como meio obvio para alicerçar a minha afirmação, de que o amor é em si e na sua génese é “egoísta”, exige tudo de nós para no fim nada nos dar.
O ser humano nasceu para amar… mas não para ser amado… é por isso que estamos sempre a foder o amor, é por isso que o amor é egoísta, porque no fundo, o amor bem sabe que quanto mais fodido é o amor, mais intenso ele é.
O problema é de facto saber quando o amor fica demasiado fodido para o continuarmos amar… será que é nestas alturas que devemos mandar foder o amor?
Miguel... esqueceste-te de referir está parte, mas deverias tê-lo referido,
tenho dito…

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tua usura… desgraça minha.



As minhas lágrimas são o teu champanhe, e a minha pele abriga os teus ombros desnudados da chuva fria, a minha liberdade serve o teu propósito de cavalgares no topo do mundo. Pensas que sabes tudo, e tudo podes ter, por um punhado de dólares, pela vã esperança nua e eterna do desejo insatisfeito.
Gostas de caminhar nos detritos do que em tempos foi a minha liberdade, nem sequer sabes o meu nome mas já te banqueteaste com o meu corpo, e banhaste-te nas minhas lágrimas enegrecidas pelo desespero. Se no desespero tudo vendi, tudo te dei, e tudo consumiste! Sei-o… que o meu desespero, o meu sofrimento, indiferente para ti, é o teu deleite!
Desvias os olhos de mim e de pessoas como eu… de pessoas que caminham no trilho do destino amputado, já sem as lágrimas roubadas e com os ossos nus da carne com que em tempos te deliciaste… o teu prazer é a minha ruína… a minha realidade.
Não… Não choro! Não, porque não exista vontade de o fazer. Mas porque a desgraça tudo me levou, tudo… até o que trouxe ao mundo do ventre da minha mãe. Tudo quanto possuía me despojas-te… o meu corpo, o meu sangue e até as minhas lágrimas. Nada mais há a lamentar que possa ser curada pelo doce lavar das lágrimas a correr pela face envelhecida e empedernida pelo oxidar do tempo. Não choro… porquê chorar se já nada sinto… e não sinto, porque já nada tenho. A estrada que construis-te para ti… sobre mim, sobre os escombros da minha alma leva-me para lá dos sonhos, leva-me de volta ao pesadelo, em que te ofereci a minha carne numa bandeja de prata lavrada. Leva-me de novo ao pesadelo de ter de te olhar sem nunca te poder tocar. Hoje deglutas-te com o desfalecer dos meus ossos, após teres consumido a minha carne, o meu sangue e as minhas lágrimas. Que mais te poderei oferecer, que não seja o meu ultimo suspiro? Vais quere-lo também? Pois se é meu com certeza teu sê-lo-á … como tudo o que já tive, para teu deleite o foi. 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Inspirado em "125 azul", Fica algo de muito pessoal...


















P' la janela, mal fechada

Entra já a luz do dia

Morre a sombra, desejada

Numa esperança fugi um dia


Foi uma, noite sem sono

entre saliva e suor

com um travo, de abandono

e gosto a outro sabor


Dizes-me até amanhã

que tem de ser, que te vais

porque o amanhã, sabes bem

é sempre longe demais


acendo mais um cigarro

invento mil ideais

só que amanhã sei-o bem

é sempre longe demais


P' la janela mal fechada

Chega a hora do cansaço

Vai-se o tempo desfiando

em anéis de fumo baço


Dizes-me até amanhã

que tem de ser, que te vais

porque o amanhã, sabes bem

é sempre longe demais


acendo mais um cigarro

invento mil ideais

só que amanhã sei-o bem

é sempre longe demais

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

perdi-me perdidamente em ti...



A memória confunde-se e confunde o pensamento, os dias turvam-se e conturbam-me, sucedem-se a um ritmo completamente alucinante, sei que ontem foi ontem, apenas porque hoje é hoje. Sem contudo ter a completa percepção da ordem correcta entre eles. A contagem do tempo confunde-se com os sonhos na mesma medida em que a realidade se entrelaça com obscuro, com o metafísico. A lógica do relógio e da sucessão das horas aos dias não se aplica a mim, caminho paralelamente ao tempo e ao espaço num vórtice interno da minha memória, passo pelas horas como se fossem dias, e por isso esqueço dias como se fossem horas, e anos em vidas. Tudo parte… e no entanto tudo fica! Tu foste! Mas a tua imagem perdura em mim. O teu derradeiro suspiro permanece agarrado à minha memoria… ao meu córtex… ao meu cérebro e à minha carne. Atormentas a minha existência com o barulho cego dos teus passos pela casa vazia, contemplo vultos teus percorrendo as paredes lisas, escrevendo frases despidas nas vidraças com o teu sopro, quero lê-las, mas não consigo! Não estou dormindo… mas também não estou acordado… És tu quem dorme, eu não consigo! Já tentei, tu não deixas, cingiste-me nas muralhas do tempo, numa jaula dourada, sinto as tuas mãos a puxar a minha alma para a escuridão… Para ti, e para o esquecimento!
Não recordo nenhum traço teu em particular, recordo apenas… Apenas me perdi… perdi-me perdidamente em ti! Perdi a completa noção das coisas, esqueci-me de tudo! Esqueci-me de onde, e do como também esqueci! Até do nome das coisas, aos poucos os nomes, as coisas vão-se confundindo, até os rostos perdem-se na bruma da noite minha, totalmente despojados de identidade, de um tempo e um espaço.
O que fui já nem eu próprio me recordo, nem o procuro recordar, porem já lá vão muitos dias e muitas noites desde que te foste. Possivelmente porque não interesse fazer a comparação do antes com o depois, como se fosse uma fita dos natais passados, e dos natais futuros. Talvez eu seja o Mr Scrooge e tu possivelmente tenhas sido a minha ganância… que de certa forma não te pode resistir. Fui ganancioso contigo e tu implacável comigo, como o destino o foi com os dois.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

noite surreal... em especial for my friend..."quelarinha".





À noite não, a noite é surreal... na noite todas as sobras são escuras,  todas as memorias são esquecidas, e todos os odores são varridos da memória… de ti!  Encubro-me na noite, e nela da solidão, das amarras que a tua alma deixou presas em mim. Refugio-me na noite, e está abraça-me no seus braços como seu filho, reconforta-me no seu regaço materno onde posso descansar de ti – das tuas garras, que me atormentam durante a claridade dos dias. Na noite austera demando pelo que não sei - escondido sei lá onde, mas enquanto caminho perdido na noite, encoberto pelo silêncio das ruas e vielas nuas… imundas trazidas pelo dia… Á meia-luz da noite, contudo até elas parecem sublimes. Impossível não se amar a noite sob tão bela perspectiva. Quantas são as coisas no mundo com a capacidade extraordinária de fazer do óbvio, abstracto… Da verdade em mentira... Da recordação um esquecimento!
A noite tem a particularidade do entorpecimento, tem o dom de diluir as realidades. Na noite o óbvio, facilmente se confunde com o abstracto. Embora o inverso também possa ser verdade, não é contudo tão belo… Como as verdades nunca o são.
A verdade é crua, mas nunca bela, por isso é nua, como os dias claros de sol, que parecem lindos nas manhas após as noites escuras, mas facilmente o brilho intenso me deturpa o espírito nas tardes solarengas abrasadoras, onde irremediavelmente se percebe que era bem melhor a indiferença da noite, ao despertar abrupto do dia. Após a noite, surge o dia, e este pode até chegar-se a confundir com a noite por breves momentos, como o branco se pode misturar com o preto. Mas contudo a noite nunca será cinzenta. Pode até ser abstracta, pode até ser surreal,  mas será sempre escura como eu… como a noite! E por fim como tu...

 A verdade é crua,
 Como cru é o dia.
 A noite, essa... é nua.
 Um dia foi tua.
 Agora é minha...
 Quem precisa da tua crueldade?
 Quem precisa do dia?
 Quando tem a piedade da noite nua,
 Como sua!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Se pudesse escolher…



Não tenho tristeza de morrer, medo muito menos, nunca poderei saber o que é estar morta, sem de facto morrer, sei contudo o que é estar viva e nada mais sentir, que a desprezível dor do teu amor… nada mais sinto que a dor do teu amor. Mas elas confundem-se no entanto, entrelaçam-se como dois corpos durante o sexo. Sei no entanto através dela o que é sentir-me viva, e sentir a vida no fio da navalha. Sinto-me também exausta de tanto sentir sem contudo saber aquilo que sinto. A exaustão das manhas sublimes em que desperto a teu lado em silêncio, vendo o dia a clarear, sentindo a cada amanhecer que envelheço mais um dia. Procuro em mim a resposta? Que em lado nenhum encontro… perdi-me no dia em que te encontrei... fica a pergunta para ti e para mim, ou para quem souber a resposta… quando fiquei eu assim? Que aconteceu no processo?
Quem nunca sentiu a dor do amor dilacerante? Nunca amou verdadeiramente… são uma espécie de vegetais, de carneiros, que apenas caminham no sentido dos outros. Esses nunca partilharam do meu mundo, nunca contemplaram o meu sol nunca respiraram o ar da minha boca, nem beberam água dos meus lábios. Mas no fim irão partilhar do meu destino! O meu talvez mais curto… mais cruel! Mas definitivamente mais poético e mais verdadeiro, e por fim mais intenso.
   Não quero morrer de velhice encostada a um qualquer cadeirão, a usar fralda, a urinar-me pelas pernas abaixo, num qualquer refúgio para velhos, apenas esperando a hora da sopa e quem sabe a hora da morte momentos a seguir. Não quero ir ingloriamente quando já nada há a esperar da vida, quando nem os vermes se poderem deliciar com a minha carne. Quando já nem me possa lembrar das coisas boas da vida! Do que é fazer amor… da noite e do dia… do lusco-fusco que tanto amo, e por fim de ti… do teu rosto, do calor do teu corpo, da forma bruta como me possuis. Não achas triste morrer assim?
Eu prefiro, morrer intensamente, como vivi! Quero sentir a dor de uma lâmina fria a entrar-me no ventre quente, ou a bala quente entrar-me na carne fria… quero sentir o sangue quente a esvair-se lentamente, por entre os meus dedos, e com ele a dor fria da morte á espreita. Quero entrar no infinito intensamente como só as almas selvagens o conseguem fazer.
Se pudesse escolher…
Um dia…
 Um lugar…
Um modo de morrer.
Assim seria!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

simplesmente Inês...mero pseudónimo???


A Inês, nada mais és, que apenas um mero pseudónimo. da mesma forma que Ricardo Reis o era de Pessoa... fruto da minha imaginação... ou daí talvez não. O facto inegável é que Inês morreu. Num sentido figurativo? Fica a Questão...

 A noite parte, dá lugar ao dia, queria partir com ela, deixando os espíritos perversos que consomem a minha sanidade. Porem quando ela parte, e tudo parte com ela, tu voltas, ficando assim as tuas lembranças enraizadas nos dias claros em mim, apavorando incessantemente a minha existência. Se ao menos os dias fossem escuros, de ténues alvorecer, inconfundíveis perante a escuridão negra da minha alma. Não poderiam os dias ser todos cinzentos de chuva, povoados de nuvens? Será que ainda assim seriam sinistros? Será que mesmo assim virias com eles? Com a noite não… essa doce e sincera amiga que ilude as chagas dos meus sentidos, entorpecidos gravada pela tua feição nas minhas retinas… pelo teu sangue nas minhas mãos… pelo odor intenso do teu sangue impregnado na minha roupa, na minha pele… Pela emanação do teu sangue quente em contacto com o gelo frio da manha… pelo último palpitar do teu coração ao quedar-se sem sangue nas veias para pulsar… pelo extinguir da chama no teu olhar. Foste-te numa manha clara de verão, ainda á meia-luz, no momento exacto em o sol deturpa a noite… matei-te enquanto ainda cheiravas a sexo… quando sabe bem aquela soneca pós coito, numa execução covarde, confesso… digna de ti! Enquanto dormias pacificamente. Num acto que só tu farias… Se fosses viva dirias o mesmo… dirias que nem a viste chegar, que só acordas-te com a lâmina fria espetada nas costas quentes… num pulmão! Sem saber de onde ela veio, embora o soubesses bem quem tenha sido. Mesmo a esvair-te em sangue, não foi possível arrancar-te uma réstia de humanidade em ti, não deixas-te mesmo transmitir a percepção de frágil, de indefesa…. Os teus olhos não transmitiam ressentimento como seria expectável que o fizesse! Não pronunciaste um único gesto, uma única palavra! Podias suplicado por ajuda, apelar aos meus sentimentos e pedir misericórdia! Mas não o fizeste… Podias ter gritado, ou ainda ter-me insultado com os piores nomes a face da terra, que eram a tua especialidade, “mesmo quando eu me estava a lixar para o que dizias, lá conseguias arranjar maneira de me tirar do serio”.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Matei-te cobardemente numa manhã clara...

Caí a noite, vem a escuridão, perdem-se as lembranças, afunda-se a desgraça, volto a sentir lá ao longe o meu caminho firme sob meus pés, para longe de ti, do teu caminho, enfim da tua e da minha desgraça. Envolto nas trevas da noite longe de ti e da amargura, liberto do dia e das lembranças tuas sou uma espécie de nómada que encontrou o oásis no meio do deserto… no meio da morte quase certa. Reminiscências tuas achegam-se vagarosamente de mim com o raiar do dia que anseia pelo dobrar da noite ao dobrar da esquina, envolvendo a noite e a minha alma com ela, consumindo a noite bela e formosa numa graciosa armadilha, da qual jamais haveremos de escapar aos tentáculos dos primeiros raios de claridade.

A noite parte, dá lugar ao dia, queria partir com ela, deixando os espíritos perversos que consomem a minha sanidade. Porem quando ela parte, e tudo parte com ela, tu voltas, ficando assim as tuas lembranças enraizadas nos dias claros em mim, apavorando incessantemente a minha existência. Se ao menos os dias fossem escuros, de ténues alvorecer, inconfundíveis perante a escuridão negra da minha alma. Não poderiam os dias ser todos cinzentos de chuva, povoados de nuvens? Será que ainda assim seriam sinistros? Será que mesmo assim virias com eles? Com a noite não… essa doce e sincera amiga que ilude as chagas dos meus sentidos, entorpecidos gravada pela tua feição nas minhas retinas… pelo teu sangue nas minhas mãos… pelo odor intenso do teu sangue impregnado na minha roupa, na minha pele… Pela emanação do teu sangue quente em contacto com o gelo frio da manha… pelo último palpitar do teu coração ao quedar-se sem sangue nas veias para pulsar… pelo extinguir da chama no teu olhar.

Foste-te numa manha clara de verão, ainda á meia-luz, no momento exacto em o sol deturpa a noite… matei-te enquanto ainda cheiravas a sexo… quando sabe bem aquela soneca pós coito, numa execução covarde, confesso… digna de ti! Enquanto dormias pacificamente. Num acto que só tu farias… Se fosses viva dirias o mesmo… dirias que nem a viste chegar, que só acordas-te com a lâmina fria espetada nas costas quentes… num pulmão! Sem saber de onde ela veio, embora o soubesses bem quem tenha sido.

Mesmo a esvaíres-te em sangue, não foi possível arrancar-te uma réstia de humanidade em ti, não deixas-te mesmo transmitir a percepção de frágil, de indefesa…. Os teus olhos não transmitiam ressentimento como seria expectável que o fizesse! Não pronunciaste um único gesto, uma única palavra! Podias suplicado por ajuda, apelar aos meus sentimentos e pedir misericórdia! Mas não o fizeste… Podias ter gritado, ou ainda ter-me insultado com os piores nomes a face da terra, que eram a tua especialidade, “mesmo quando eu me estava a lixar para o que dizias, lá conseguias arranjar maneira de me tirar do serio”.