quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Se pudesse escolher…



Não tenho tristeza de morrer, medo muito menos, nunca poderei saber o que é estar morta, sem de facto morrer, sei contudo o que é estar viva e nada mais sentir, que a desprezível dor do teu amor… nada mais sinto que a dor do teu amor. Mas elas confundem-se no entanto, entrelaçam-se como dois corpos durante o sexo. Sei no entanto através dela o que é sentir-me viva, e sentir a vida no fio da navalha. Sinto-me também exausta de tanto sentir sem contudo saber aquilo que sinto. A exaustão das manhas sublimes em que desperto a teu lado em silêncio, vendo o dia a clarear, sentindo a cada amanhecer que envelheço mais um dia. Procuro em mim a resposta? Que em lado nenhum encontro… perdi-me no dia em que te encontrei... fica a pergunta para ti e para mim, ou para quem souber a resposta… quando fiquei eu assim? Que aconteceu no processo?
Quem nunca sentiu a dor do amor dilacerante? Nunca amou verdadeiramente… são uma espécie de vegetais, de carneiros, que apenas caminham no sentido dos outros. Esses nunca partilharam do meu mundo, nunca contemplaram o meu sol nunca respiraram o ar da minha boca, nem beberam água dos meus lábios. Mas no fim irão partilhar do meu destino! O meu talvez mais curto… mais cruel! Mas definitivamente mais poético e mais verdadeiro, e por fim mais intenso.
   Não quero morrer de velhice encostada a um qualquer cadeirão, a usar fralda, a urinar-me pelas pernas abaixo, num qualquer refúgio para velhos, apenas esperando a hora da sopa e quem sabe a hora da morte momentos a seguir. Não quero ir ingloriamente quando já nada há a esperar da vida, quando nem os vermes se poderem deliciar com a minha carne. Quando já nem me possa lembrar das coisas boas da vida! Do que é fazer amor… da noite e do dia… do lusco-fusco que tanto amo, e por fim de ti… do teu rosto, do calor do teu corpo, da forma bruta como me possuis. Não achas triste morrer assim?
Eu prefiro, morrer intensamente, como vivi! Quero sentir a dor de uma lâmina fria a entrar-me no ventre quente, ou a bala quente entrar-me na carne fria… quero sentir o sangue quente a esvair-se lentamente, por entre os meus dedos, e com ele a dor fria da morte á espreita. Quero entrar no infinito intensamente como só as almas selvagens o conseguem fazer.
Se pudesse escolher…
Um dia…
 Um lugar…
Um modo de morrer.
Assim seria!

1 comentário:

Quelarinha disse...

Poderiam estas palavras ser o meu ideal de vida, que tento a todo o custo acreditar e fazer valer a minha vontade. No fundo, todos queremos acreditar numa vida cheia, e por vezes é dificil fazer o nosso próprio caminho, mas sem dúvida nenhuma é enriquecedor.

Os meus parabéns pelo ainda jovem blogue. Por mim posso dizer que já me conquistou, já li e reli estes textos fantásticos. Terás aqui uma seguidora assídua.
Adorei particularmente este post mais recente, que tomei a liberdade de o "roubar" para o meu pequeno espaço. Espero que não te importes...

Até à próxima, esperando por palavras simples e sublimes...