domingo, 14 de fevereiro de 2010

noite surreal... em especial for my friend..."quelarinha".





À noite não, a noite é surreal... na noite todas as sobras são escuras,  todas as memorias são esquecidas, e todos os odores são varridos da memória… de ti!  Encubro-me na noite, e nela da solidão, das amarras que a tua alma deixou presas em mim. Refugio-me na noite, e está abraça-me no seus braços como seu filho, reconforta-me no seu regaço materno onde posso descansar de ti – das tuas garras, que me atormentam durante a claridade dos dias. Na noite austera demando pelo que não sei - escondido sei lá onde, mas enquanto caminho perdido na noite, encoberto pelo silêncio das ruas e vielas nuas… imundas trazidas pelo dia… Á meia-luz da noite, contudo até elas parecem sublimes. Impossível não se amar a noite sob tão bela perspectiva. Quantas são as coisas no mundo com a capacidade extraordinária de fazer do óbvio, abstracto… Da verdade em mentira... Da recordação um esquecimento!
A noite tem a particularidade do entorpecimento, tem o dom de diluir as realidades. Na noite o óbvio, facilmente se confunde com o abstracto. Embora o inverso também possa ser verdade, não é contudo tão belo… Como as verdades nunca o são.
A verdade é crua, mas nunca bela, por isso é nua, como os dias claros de sol, que parecem lindos nas manhas após as noites escuras, mas facilmente o brilho intenso me deturpa o espírito nas tardes solarengas abrasadoras, onde irremediavelmente se percebe que era bem melhor a indiferença da noite, ao despertar abrupto do dia. Após a noite, surge o dia, e este pode até chegar-se a confundir com a noite por breves momentos, como o branco se pode misturar com o preto. Mas contudo a noite nunca será cinzenta. Pode até ser abstracta, pode até ser surreal,  mas será sempre escura como eu… como a noite! E por fim como tu...

 A verdade é crua,
 Como cru é o dia.
 A noite, essa... é nua.
 Um dia foi tua.
 Agora é minha...
 Quem precisa da tua crueldade?
 Quem precisa do dia?
 Quando tem a piedade da noite nua,
 Como sua!

2 comentários:

Quelarinha disse...

Uau... a minha gratidão é imensa, assim como o privilégio...

Quanto ao texto, a noite é sem dúvida alguma uma óptima conselheira. A escuridão aliada ao silêncio e solidão torna as nossas almas totalmente despidas... o que nos faz muito bem pois limpa-nos e é uma forma de largarmos emoçoes que não queremos que façam parte de nós. A questão é: será que fazemos isso vezes suficientes?

Rui disse...

Gratidão é toda minha! Ou não serão os leitores que fazem o autor...mal do sentimento se ninguém existisse para entende-lo. Por isso congratulo-me pela existência de pessoas como tu capazes de (assimilar e transmitir) a mesma frequência… ainda que somente uma fosse!