terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tua usura… desgraça minha.



As minhas lágrimas são o teu champanhe, e a minha pele abriga os teus ombros desnudados da chuva fria, a minha liberdade serve o teu propósito de cavalgares no topo do mundo. Pensas que sabes tudo, e tudo podes ter, por um punhado de dólares, pela vã esperança nua e eterna do desejo insatisfeito.
Gostas de caminhar nos detritos do que em tempos foi a minha liberdade, nem sequer sabes o meu nome mas já te banqueteaste com o meu corpo, e banhaste-te nas minhas lágrimas enegrecidas pelo desespero. Se no desespero tudo vendi, tudo te dei, e tudo consumiste! Sei-o… que o meu desespero, o meu sofrimento, indiferente para ti, é o teu deleite!
Desvias os olhos de mim e de pessoas como eu… de pessoas que caminham no trilho do destino amputado, já sem as lágrimas roubadas e com os ossos nus da carne com que em tempos te deliciaste… o teu prazer é a minha ruína… a minha realidade.
Não… Não choro! Não, porque não exista vontade de o fazer. Mas porque a desgraça tudo me levou, tudo… até o que trouxe ao mundo do ventre da minha mãe. Tudo quanto possuía me despojas-te… o meu corpo, o meu sangue e até as minhas lágrimas. Nada mais há a lamentar que possa ser curada pelo doce lavar das lágrimas a correr pela face envelhecida e empedernida pelo oxidar do tempo. Não choro… porquê chorar se já nada sinto… e não sinto, porque já nada tenho. A estrada que construis-te para ti… sobre mim, sobre os escombros da minha alma leva-me para lá dos sonhos, leva-me de volta ao pesadelo, em que te ofereci a minha carne numa bandeja de prata lavrada. Leva-me de novo ao pesadelo de ter de te olhar sem nunca te poder tocar. Hoje deglutas-te com o desfalecer dos meus ossos, após teres consumido a minha carne, o meu sangue e as minhas lágrimas. Que mais te poderei oferecer, que não seja o meu ultimo suspiro? Vais quere-lo também? Pois se é meu com certeza teu sê-lo-á … como tudo o que já tive, para teu deleite o foi. 

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