segunda-feira, 8 de março de 2010

Acordo! Onde estou? E mais importante ainda, onde estas tu???



Preso em mais um pardieiro qualquer de uma qualquer periferia surrenta, penso onde estou, imagino uma outra cidade, um outro País, uma outra vida… contigo! Tomara ter raiva suficiente em mim para correr daquela imundice para fora, sem mais parar até que os pulmões me doam e mesmo assim não paro… nem mesmo quando os meus pés começarem a ceder ensanguentados, e os meus ossos ficarem desnudados pela carne… nem mesmo quando os meus pulmões definharem, mais cheios de sangue quente que de oxigénio… Juro que não paro mesmo! Irei correr continuamente para além da dor, para além do Bojador, fugirei para longe de mim… para longe de ti. Não importa para onde, nada mais tenho porque ficar, como também nada tenho porque partir, é contudo bem mais fácil a fuga que persistir num lugar miserável, povoado de recordações ainda mais miseráveis.
Infelizmente sou fraco de espírito, não corro… fico na cidade, mesmo não sabendo bem onde estou! Fico nas vielas sujas! Nas vielas tuas! Fico no T2 encostado aos teus ombros, fico por ti, não por mim! Fico por uma recordação tua… cada vez menos nítidas… felizmente ou infelizmente não sei! Pensei que seria bem mais fácil, apagar o teu rosto das minhas lembranças... como pensei que irias com elas! Mas talvez não! Fazes-me falta como faz falta a noite ao dia. Não consigo viver com as tuas recordações presas em mim… todavia à medida que o teu rosto desaparece da minha memória quando estou desperto, começas aparecer nos meus sonhos, com mais nitidez e clareza que a que tiveste enquanto moravas incessantemente na minha mente. 

3 comentários:

Quelarinha disse...

A isso chama-se saudade...

Rui disse...

Saudade… palavra tão tipicamente portuguesa… mas sem tradução para qualquer outra língua! Porque será? Já pensas-te nisso?
Mas saudade não Será talvez a palavra certa… talvez nostalgia seja o termo mais ajustável.
Sou uma pessoa mesmo muito nostálgica, tenho saudades de quase tudo na vida mesmo daquilo que odiava. Acima de tudo tenho saudade do período em que era inocente… de quando contemplava a realidade sem ver defeitos e vicissitudes. Sinto-me como Adão quando comeu a maça e descobriu a noção entre o bem e o mal...

Anónimo disse...

Rui, foi uma surpresa e da mesma forma um prazer conhecer seu blog.Vc escreve bem e com sensibilidade. Um abç!
Maria Helena (São Paulo/Brasil)