quarta-feira, 3 de março de 2010

Para onde? Na bússola do destino…


E então, porque não? A eterna pergunta dos viajantes erráticos…
No entanto a mesma pergunta facilmente se transforma numa afirmação, e o desejo de chegada facilmente se confunde com o desejo de partida! Se apenas desejássemos partir, independentemente do destino? Independentemente da magia inerente a viagem em si, como saberíamos se chegamos ao destino se nada demandamos? Não seria assim a nossa viagem uma forma errática de um destino incerto?
É por isso que a sabedoria não se adquire facilmente… embora na incessante busca pelos nossos objectivos quer eles sejam materiais ou transcendentais, consinto que no processo possamos encontrar algo que não o procurássemos primeiramente, mas importante o suficiente para nos fazer alterar o rumo previamente traçado na nossa bússola do destino. No entanto para que isso possa suceder é necessário saber previamente o que buscava-mos primordialmente, ou correríamos o risco de lhe passar ao lado sem que disso déssemos conta.
Um rumo traçado sem destino levo-nos invariavelmente ao trilho da errância… isto sei-o, da pior maneira possível – da experiencia! É fácil para o caminhante partir em busca de nada, apenas porque já nada o prende ao lugar que ele anteriormente chamava de casa - pode ser um sentimento libertador, ter apenas as estrelas como tecto nas noites quentes e ternurentas de verão. O caminhante pode por breves momentos sentir-se dono de toda a liberdade do mundo… pode até considerar-se dono das estrelas, mas no seu mais intimo ser, ele sabe que em breve as noites frias e gélidas de inverno farão da sua liberdade agonia… do céu estrelado de verão, o fruto de todas as tormentas.
Como em todas as viagens, e demandas do homem, nem o santo graal, nem o eldorado, se assemelham a louca viagem em busca do tesouro perdido do amor.
A inquirição do amor, por parte da humanidade, é longa… mas como alguém disse (sabiamente), “a verdade é que ninguém narrou que o encontrou”, ou se o encontrou escondeu-o muitíssimo bem com medo que lho roubassem… eu próprio teria feito o mesmo!
Ao invés do santo graal e do eldorado, o amor não habita nem jaz em lado algum, nem brota de um fonte magica… como todas as coisas metafísicas podemos encontra-lo em qualquer lado, ou igualmente em lado algum… como ainda pior podemos encontra-lo e ele simplesmente não querer ser descoberto…
O amor por depender de terceiros caminha na obscuridade da incerteza, e mesmo que o encontremos ele é susceptível de ser roubado por uma outra pessoa, na mesma demanda que nós próprios anteriormente. O amor é uma procura incessante e continua de algo que não sabemos muito bem onde ele se encontra… como que se encontra… e mesmo que o encontremos, poderemos nunca o saber que estivemos perante o mesmo, até verdadeiramente o perdermos.
É por tudo isto, que eu (embora citando o Miguel) tenho dito que o amor é fodido.

3 comentários:

Quelarinha disse...

Depois deixarei um comentário mais esclarecedor e longo, mas por agora deixa-me só discordar com última frase. O amor não é fodido, é incompreendido. Fodem é o amor... Arranjam desculpas esfarrapadas para o facto do amor não os chamar, a isso chama-se frustração. Mas diz-me... quem fala com desdém sobre o assunto, quem tem tantas dúvidas será que merece encontrar as respostas? Ou melhor, será que tem o direito de ser encontrado pelo amor?

Rui disse...

Provavelmente terás razão, e quem fala assim não merece as benesses das respostas que procura... Ou talvez esteja a desdenhar na esperança de comprar!?

Quelarinha disse...

O amor é algo intocável. Como saber quando se encontra? E melhor... qual a grande revelação?

(Acho que nunca reflecti tanto sobre este assunto. Mas isto é bom... já tinha saudades de trocar opiniões. E por isto, te agradeço)