sexta-feira, 9 de abril de 2010

No mais alto dos céus...

Invariavelmente a melhor forma de sabermos que nos sentimos velhos, é quando invariavelmente começamos a sentir nostalgia do passado em vez de perspectivarmos o futuro. Neste sentido julgo que estou a ficar precocemente velho, porém as recordações de um homem são como uma montanha russa, ontem nada significavam… hoje quase que parece que foram tudo na vida de quanto um homem tem de mais importante.
Os homens vão e vem, assim como as recordações… os desejos… as histórias… e até mesmos as paixões.
 Mas as montanhas são eternas, magistrais e imponentes… são como uma linda mulher à espera se ser conquistada… mas não por um qualquer! Somente pelos bravos de espírito, dispostos a tudo para estar no mais alto do mundo, em comunhão com os deuses do Olimpo, e tocar os céus com as palmas das mãos nuas… está somente ao alcance dos destemidos, e ao mesmo tempo pobres de espírito, que arriscam a mísera da vida, não por um punhado de dólares, mas por um desejo… e uma glória vã.
E o que não é o desejo, se não mais que a força mais poderosa à face da terra… atrevo-me a dizer:
 Deus quer, o homem deseja, e a obra nasce.
Para conquistar uma bela mulher, não basta desejar, é também necessário, muita arte e muito engenho… e claro, no fim possuir algo mais que a generalidade. Ao invés…as montanhas… com as montanhas verdadeiramente imponentes, mais que o desejo, impera a tenacidade e o orgulho que nos impele sempre no sentido ascendente, mesmo quando todos os nossos sentidos primários insistem em voltar para traz… para o relativo consolo e aconchego do acampamento, e a fuga ao gelo dilacerante em todas as extremidades do corpo.
Mesmo quando o corpo implora por descanso, quando sentimos que já demos tudo à montanha, mesmo quando imploramos por algo relativamente quente… nem que seja apenas por uns míseros segundos… mesmo quando as pernas já não parecem acompanhar a alma… mas a alma, o desejo… não cedem. A alma caminha sozinha, comanda o corpo e o destino, através das enfermidades, e das chagas abertas no corpo.
Lá em cima no altos dos Himalaias, mesmo nas noites geladas, as estrelas brilham com mais intensidade… mesmo quando nos arrependemos de alguma vez ter sequer imaginando pôr os pés naquele inóspito local, sabemos no mais ínfimo da nossa alma, que é ali que desejamos estar, junto aos deuses… não naquele momento… mas quem sabe para sempre dentro de nós. Podemos voltar ainda que intacto no exterior, mas vazio no interior… a montanha não dá nada de barato, é uma troca justa… por toda a sua beleza, e por todas as recordações, por todas as amizades, lá deixamos ficar um pouquinho do nosso coração.

Ali no mais alto dos céus,
Fui o mais livre dos homens…
E o mais intrépido dos réus
Na montanha… onde caminham os deuses…
E as estrelas brilham com mais intensidade,
Deixei parte do meu coração
Mas trouxe comigo a eterna saudade

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